12/7/2021

Porque estamos a assistir a tantas infeções nos nossos miúdos, se estamos no verão?

A verdade é esta: as urgências pediátricas estão cheias. E, para nós, que ano após ano, vamos contactando o o ritmo sazonal das infeções, isto é mesmo uma novidade.

O que seria expectável para um mês de Julho em anos prévios à pandemia a SARS-CoV2 seria uma urgência a meio gás, algumas gastroentrites, escassas constipações de verão, vulvovaginites da praia, otites dos mergulhos na piscina e muitos traumas minor das brincadeiras no exterior envolvendo patins/skates/bicicletas.

Mas o que tivemos no último ano e meio mudou radicalmente este panorama: os miúdos estiveram confinados, as escolas no pára-arranca dos isolamentos e a verdade é esta, estamos todos a usar máscaras! E nunca se viu uma gripe tão silenciosa como a deste inverno. Em vez da comum enchente de bronquiolites e outras pieiras, tivemos um inverno invulgarmente calmo.

No entanto, chegada a primavera, rapidamente ficámos a perceber que alguma coisa tinha mudado: ou andamos mais descontraídos nas medidas de controlo de contágio, ou realmente, o facto de termos privado as crianças nascida a partir de Setembro de 2019 do contacto habitual com a doenças, faz com que tenhamos agora um significativo grupo de doentes que apanha rigorosamente tudo!

A 10 de Junho deste ano, o CDC - Centers for the Disease Control nos Estados Unidos da América, emitia um aviso para os pediatras sobre um surto inusitado de vírus predominantemente comuns nos meses frios, a ser um problema em plena primavera.

O caso emblemático é o caso do Vírus VSR - Vírus Sincicial Respiratório, comum no outono e inverno nos países de clima temperado, agora com inúmeros casos em pleno Julho! O VSR é o principal agente da bronquiolite aguda no primeiro ano de vida e afecta 100% das crianças antes do 2 ano de vida.

Se isto nos surpreende? Sim! Vírus de inverno em pleno verão, miúdos internados com dificuldade respiratória a precisar de oxigénio ou outro suporte ventilatório quando temos necessidade de ligar o ar condicionado para refrescar o internamento?

A verdade é que esta realidade já nos tinha sido comunicada por países do hemisfério sul, como a África do Sul e a Austrália. Não só tiveram infeções fora da sua época habitual, como os miúdos estavam realmente mais doentes. O confinamento para a prevenção da transmissão do Vírus Sars-CoV2 , fez com que as crianças não tivessem a exposição habitual às doenças virais mais comuns. Mantiveram o seu sistema imunitário parcialmente resguardado, sem trabalho extra. No entanto, a partir do momento que levantámos as medidas de isolamento, o que temos é uma recuperação do tempo perdido com miúdos mais pequenos, sem a "experiência" de infecções prévias, a adoecerem em simultâneo e relativamente mais doentes.

Prevemos por isso, pela primeira vez, um verão bem difícil.

Junte-se à newsletter e receba um ebook gratuito.